6/17/2007

O Cheiro do Ralo


Na verdade gostaria de descrever todas as cenas do filme, pois quase todas merecem um olhar atento. Lourenço, Shelton Mello, um comerciante de mercadorias usadas vive intensamente as maluquices e sentimentos provocados pelo sua própria condição vendedor inserido em uma sociedade capitalista periférica chamada Brasil. Suas relações comerciais estrapolam o limite da frieza capitalista e ao mesmo tempo se baseia nessa própria falta de sentimento pelo outro. Paradoxal? Imagina. Pra mim, ele é uma síntese das contradições e emoções dessa sociedade que tudo é mercadoria e tudo tem sentimentos contraditórios, a cena que melhor expressa essa situação é a "caixinha de música". Genial! Suas obsessões se traduzem em atitudes ora engraçadas, ora geniais, ora estúpidas. A construção de significados em volta do "olho" refletem sua própria condição de sujeito e objeto da história. A necessidade da "bunda" traduz a sexualidade mercadológica da atual cultura brasileira. E sua neurose pelo "cheiro do ralo" sintetizam todos esses elementos de forma ambígua. Um ótimo filme essencialmente brasileiro.

Site Oficial: O cheiro do ralo

No comments: