6/23/2012

O que vale mais?


O que vale mais para ego?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz para não roubar,
Os homens apenas punem,
Pois o prazer de ser homem
É maior que o homem de ser Deus.

O que vale mais para vida?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz cuide bem dela,
Os homens a humaniza,
Pois a necessidade de ser homem
É maior que a vontade de ser Deus.

O que vale mais para o amor?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz ame ao próximo,
Os homens vão e amam,
Pois a coragem de amar o homem
É maior que a palavra de ser Deus.

O que vale mais para o ético?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz o bem é isso,
Os homens são inconsequentes,
Pois a incompreensão de ser homem
É maior que a consciência de ser Deus.

O que vale mais para o político?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz busquem a justiça,
Os homens usam os meios necessários,
Pois a finalidade de ser homem
É maior que os meios que tem Deus.

O que vale mais para o religioso?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz orem,
Os homens vão e cobram,
Pois a sobrevivência de ser homem
É maior que os ouvidos de Deus.

O que vale mais para o justo?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz isso é justo,
Os homens vão e cumprem,
Pois a carência do homem
É maior que o poder de Deus.

O que vale mais para a democrata?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz aguardem o momento,
Os homens vão em movimento
Pois a participação dos homens
É maior que abstenção de Deus.

O que vale mais para o livre?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz tens arbítrio,
Os homens pedem condições
Pois o pagamento por ser homem
É maior que a liberdade de ser Deus.

O que vale mais para o solidário?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz faça caridade,
Os homens tem maldade
Pois a comunhão de ser homem
É maior que o ativismo de Deus.

O que vale mais para o comunista?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz somos iguais
Os homens finge que acreditam
Pois a busca de ser homem
É maior que a presença de Deus.

O que vale mais para o rico?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz você merece,
Os homens pobres apenas lhe oferece,
Pois a segurança de ser homem
É maior que a necessidade de ser Deus.

O que vale mais para o pobre?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz para aceitar,
Os homens irão impedir,
Pois a ganância de ser homem
É maior que a justiça de Deus.

11/05/2007

Star Wars

Ando assistindo muitos filmes, mas sem muita vontade de escrever sobre eles. Os últimos foram os seis episódios de Star Wars, quer dizer só faltou o episódio IV, o DVD não quis pegar.

6/17/2007

O Cheiro do Ralo


Na verdade gostaria de descrever todas as cenas do filme, pois quase todas merecem um olhar atento. Lourenço, Shelton Mello, um comerciante de mercadorias usadas vive intensamente as maluquices e sentimentos provocados pelo sua própria condição vendedor inserido em uma sociedade capitalista periférica chamada Brasil. Suas relações comerciais estrapolam o limite da frieza capitalista e ao mesmo tempo se baseia nessa própria falta de sentimento pelo outro. Paradoxal? Imagina. Pra mim, ele é uma síntese das contradições e emoções dessa sociedade que tudo é mercadoria e tudo tem sentimentos contraditórios, a cena que melhor expressa essa situação é a "caixinha de música". Genial! Suas obsessões se traduzem em atitudes ora engraçadas, ora geniais, ora estúpidas. A construção de significados em volta do "olho" refletem sua própria condição de sujeito e objeto da história. A necessidade da "bunda" traduz a sexualidade mercadológica da atual cultura brasileira. E sua neurose pelo "cheiro do ralo" sintetizam todos esses elementos de forma ambígua. Um ótimo filme essencialmente brasileiro.

Site Oficial: O cheiro do ralo

3/24/2007

Trama Macabra, Alfred Hitchcock


Quatro horas da manhã. Preparo-me pra dormir e resolvo dar uma sapiada na TV e eis que surge na seção Corujão o filme em questão. Nem preciso expressar o tamanho da minha alegria. Um filme apenas interessante, considerando ser do Hitchcock. De fato, não é o melhor que assisti e provavelmente não é o melhor que o diretor criou. Trata-se de uma trama que envolve dois casais picaretas, cujo pano de fundo é uma falsa mediunidade. A brota usa seus supostos poderes para dar golpes em velhinhas que tem pesadelos com o passado. Além desses detalhes não tenho muito o que falar, além do básico do diretor, que é te prender incrivelmente durante todo o filme e no final simplesmente deixae você com aquela cara de bobo... Muito bom...

1/04/2007

Quanto vale ou é por quilo?


Acabo de realimentar meu masoquismo psicológico, revi o filme Quanto vale ou é por quilo?, de Sérgio Bianchi. Digo masoquismo pois sempre que assisto esse filme sinto extrema indignação misturada com sórdida impotência diante o estado das coisas. Ele simplesmente mostra a verdade, se assim podemos dizer. É uma bofetada na cara de nossa consciência ingênua e um soco no estômago de nossa consciência pseudo crítica. Arquitetados de forma irônica o filme é uma construção de significados que conjuga passado e presente, perpassando temas como a escravidão, a liberdade, a economia, a política, o poder, a corrupção, o social e, não menos importante, o ser humano com seus dramas e conquistas. Histórias reais registradas em documentos oficiais são resgatadas e reinterpretadas de forma quase sincrética para a nossa sociedade atual. Digo quase, pois Bianchi consegue ultrapassar os limites de uma transposição mecânica entre passado e presente, apresenta os novos significados de forma irritantemente lúcida, impossibilitando qualquer análise radical e genérica do gênero.
A história e os temas são apresentados de forma não linear, por exemplo, a responsabilidade social é seguida de cenas da época da escravidão. Desta maneira, o cinespectador é forçado a exercer sua liberdade de análise por meio de um ponto de vista singular, pautado em seu conhecimento e experiências cotidianas, causando a estranha sensação de realidade e intimidade com o roteiro. Em outro momento a análise das relações entre as classes sociais ganha expressão e são entrecortadas com a questão do preconceito étnico e com a questão da exploração financeira e ideológica da pobreza, ambas as situações construídas historicamente em nosso país. São pobres, negros, ricos, brancos, mulatos, pequenos burgueses e trabalhadores assumindo papéis e funções sociais ora semelhantes, ora contrárias aos seus ascendentes. São indivíduos que formam contextos específicos que trazem a tona a consciência histórica e o inconsciente coletivo de uma sociedade escravocrata, paternalista e clientelista, cujo desenvolvimento do capitalismo deu-se de forma mais que tardia, criando anomalias históricas presentes em nosso cotidiano e que provavelmente serão repassadas para os nossos descendentes caso não refletirmos sobre nossas vidas e ações. Assim, o filme ganha importância em sua própria função de disseminar informações, causar emoções e, paradoxalmente, cumprir com sua função social de sétima arte.
No entanto, como afirmei no início deste texto, todos esses elementos provocam a estranha e confusa sensação de indignação e impotência. Confusa por sua peculiaridade psicológica e estranha porque mostra ao mesmo tempo os grilhões ideológicos que nos prendem na imobilidade e as nossas ingênuas ações revestidas de ativismo. Entretanto, devo registrar que a provocação é a principal das sensações causadas, tanto é que ela mesma foi quem me motivou a escrever este pequeno relato parcial.